segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Bônus Resultado e o bode na sala



O Bônus Resultado e o bode na sala.
...ou... como espezinhar uma categoria de educadores
2/4/2012

Diz a história que, quando você quer desviar a atenção de um assunto espinhoso, coloca um bode na sala. Quando ele sai, o alívio é tanto que todos se alegram e esquecem do real problema.
Pois bem, o Bônus Resultado é o atual BODE NA SALA!

Todos os anos é a mesma coisa: ninguém sabe se vai receber ou não, ficamos desde janeiro – quando o 13º salário já acabou faz tempo – perguntando se o bônus vai sair, quando vai sair, qual valor vai ter... e nenhuma resposta concreta do governo aparece. Um grande mistério rodeia o pagamento do Bônus Resultado!

Aí, na véspera do pagamento, quando mais ninguém acredita que o governo vai pagar, surge um comunicado dizendo que o pagamento será realizado.

Grande alívio geral! Saiu o bode da sala!

Aí, no dia do pagamento, muitos percebem que NADA RECEBERAM e, para estes, o BODE CONTINUA NA SALA. Estes percebem, porque sentem no bolso, o grande engodo que é o tal BÔNUS RESULTADO!

Pela política da meritocracia – instituída pelo PSDB no estado de São Paulo em 2000 – só recebe benefícios quem “tem mérito”. Ou seja, ao mesmo tempo, cria-se a categoria dos que “não têm mérito”.
Isto não acontece somente com o bônus, mas também está presente no processo de evolução funcional, onde estar em sala de aula, ensinar e dedicar-se à docência não estabelece pontuação suficiente para evoluir na carreira docente!
Idem para os auxiliares docentes e para o pessoal administrativo, que dá duro para manter em ordem as milhares de documentações exigidas, que são deslocados de função para melhor atender as unidades etc etc.

O trabalhador deve fazer um cálculo: pegue seu bônus e divida por treze (doze salários e um décimo terceiro). No final, vai perceber que era melhor ter um salário digno, que lhe garantisse o sustento da sua família; que era melhor não acumular tantas dívidas para “quitar” com o bônus; que era melhor ser respeitado diariamente, ao invés de iludido com uma “bonificação” que pode receber este ano, mas não é garantida para o ano que vem.

Trabalhadores com bônus: paguem suas contas, se o valor recebido for suficiente, e preparem-se para a greve, pois o arrocho salarial vai continuar pesando no bolso de todos.
Trabalhadores sem bônus, ampliem sua indignação e preparem-se para a greve.
TODOS JUNTOS, VAMOS COLOCAR O BODE NA SALA DO GOVERNO!


Boca no trombone

Veja, a seguir, trechos de alguns depoimentos recebidos pelo Sinteps no dia 30 de março:

“Gostaria que, quando vocês estiverem com o secretário de Estado, pleiteassem que eles revissem as metas das escolas, pois várias das que não tiveram Bônus estavam com metas superiores às escolas com mais tempo de vida. (...) Gostaríamos de saber quais são os critérios que os estão levando a estabelecerem índices tão altos e, o pior, só ficamos sabendo da nossa meta nessa quinta-feira. Acredito que, em nenhum lugar do mundo, uma empresa dá uma meta para um funcionário somente depois que passou o prazo para esse funcionário atingir essa meta.
(E-mail enviado por um docente de ETEC)

É com muito pesar que escrevo essas poucas palavras sobre os processos a que somos submetidos. Mas é também com vergonha, porque não é possível que o governo do maior e mais rico estado brasileiro, que cria condições de ensino para desempregados (PEQ, Via Rápida e afins), e uma Instituição tida como a maior da América Latina em Ensino Técnico e Tecnológico, não valorizam seu profissionais, desmotivando seus professores e jogando uns contra os outros. (...) É justo que uns recebam seus Bônus Mérito e outros recebam seu Bônus Demérito? Isso é a política adotada pelo governo do Estado de São Paulo e pelo Centro Paula Souza para fomentar a educação em ETECs e FATECs (...). NÃO PODEMOS SER PENALIZADOS POR ABRAÇARMOS TODAS AS CAUSAS E PROGRAMAS DO GOVERNO DO ESTADO E DO CENTRO PAULA SOUZA.

(...) Deixo aqui o meu mais profundo protesto a respeito dessa metodologia de trabalho baseada na meritocracia para alguns e punição para outros. Se recebêssemos um salário digno de nossas funções e atividades, nada disso estaria acontecendo.

(...) Somos como alunos que assistiram a TODAS as aulas e realizaram TODAS as suas atividades (e muito bem!), e no CONSELHO FINAL, tiramos 0,00.
(E-mail enviado por um diretor de ETEC)

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