segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Clichês da imprensa sobre greve


Clichês da imprensa sobre greve: banqueiro$ mocinhos, bancários vilões
(Qualquer semelhança com diretores/superintendência mocinho, professores e funcionários vilões não é mera coincidência!)

http://palavras-diversas.blogspot.com/2011/10/cliches-da-imprensa-sobre-greve.html



Lucro dos bancos no 1º semestre de 2011, clique e amplie a imagem


Por que grevistas são demonizados pela imprensa?


A greve dos bancários tem se prolongado por causa de uma difícil negociação da pauta de reivindicações dos trabalhadores desta categoria e pela intransigência patronal em negociar, revela, também, o quanto ainda persiste um modelo atrasado de concentração absurda de renda nas mãos de poucos executivos, em detrimento do trabalho da maioria trabalhadora.


Mas o que se vê na mídia em geral sobre a greve dos bancários, principalmente na TV, é um apelo demasiado ao telespectador contra os grevistas, com histórias do cotidiano em que mostram o quanto o cidadão comum é prejudicado pelas paralisações


É óbvio que, qualquer movimento grevista, causa algum prejuízo à sociedade e esta ferramenta só é utilizada em última instância, justamente, para pressionar patrões e mostrar a população o quanto seus serviços são importantes e que merecem ser mais valorizados.

Da maneira como a cobertura jornalística é feita, fica a impressão que é um instrumento banal, acionado por qualquer motivo insignificante, apenas para causar prejuízos. 


A imprensa constrói uma imagem de baderneiros sem causa e vagabundos irresponsáveis.

As pautas são subvalorizadas e as falas das lideranças grevistas contrapostas de maneira desigual com o discurso do apelo racional dos patrões, que sempre evocam o momento instável da economia global e a dificuldade em cumprir reivindicações radicais, declarando, finalmente, que as últimas negociações tem havido avanços importantes.


Conflito de intere$$e$


Em vários momentos é possível perceber, pela condução do noticiário das greves, o quão injusta é a luta pelo acordo entre as partes.  Os bancos brasileiros obtém, ano após ano, lucros exorbitantes e mantém um ritmo de intenso de redução de postos de trabalho causada pela automação dos serviços.


Mas esta pauta não é discutida ou anunciada pela imprensa, com o devido destaque que deveria ter.  Não há, na cobertura da imprensa, uma análise honesta da perda da massa salarial de categorias que contribuem para o aumento substancial dos lucros das empresas em que trabalham.


A realidade destes trabalhadores não é explorada para mostrar as pessoas comuns o quanto, de acordo com os lucros que ajudam a constituir, são mal remunerados.


Os bancários pedem 11% de reajuste salarial e pagamento de PLR maior, proporcional ao aumento dos ganhos do setor, entre outros ítens.  Porém, o que não é dito é que o crescimento médio dos lucros dos maiores bancos do país superou os 20% se comparado a 2010, que já havia sido um ótimo ano. Já os bônus pagos aos executivos cresce, desproporcionalmente aos salários dos empregados, somente o exemplo do Itaú torna evidente a falta de compromisso em tornar justa a distribuição dos ganhos obtidos para todos:  A cada membro da diretoria, conforme anunciado, será pago R$5,84 milhões no ano, ou seja, 221 vezes a mais do que o piso do bancário, incluindo PLR e ticket !


Talvez o fato dos bancos serem os maiores patrocinadores de programas jornalísticos da TV brasileira explique, em parte, tamanha má vontade da imprensa contra o movimento grevista dos bancários.  O Jornal Nacional, jornalístico de maior audiência da TV aberta brasileira, é patrocinado pelo Bradesco e o Jornal da Globo, pelo Itaú, futebol e Fórmula 1 também possuem patrocínios significativos dos maiores bancos privados do país.

Há um certo deboche na divulgação de matérias quando trabalhadores exigem aumento real nos salários, muitas vezes menores que o aumento dos lucros na atividade em que exercem suas funções.


Cobertura de greves com viés político


Até 2002 os movimentos grevistas eram utilizados pela imprensa para amedrontar a classe média brasileira contra a CUT, o PT e Lula, quando as eleições se aproximavam a pauta era recheada de paralisações, país afora, para mostrar o quê seria do país se a esquerda chegasse ao poder: uma ditadura do proletariado...


Os contextos econômico e social eram extremamente adversos, os movimentos grevistas explodiam para resguardar direitos trabalhistas, ameaçados seriamente pelas reformas neoliberais em curso e para preservar minguados e pouco remunerados postos de trabalho.


A chegada ao poder de Lula reverteu isto e hoje os movimentos dos trabalhadores tem como principal pauta dos acordos a valorização da massa salarial do trabalhador brasileiro, como recompensa do esforço de categorias que elevaram economia brasileira da décima primeira para a sétima maior do planeta, o que torna justo e urgente receberem suas partes na produtividade que alcançaram coletivamente.


O governo estabeleceu, recentemente, uma política de valorização do salário mínimo que prevê somar a inflação do ano anterior com o crescimento do PIB de dois anos atrás, como forma de reconhecer a participação da força do trabalho no crescimento da economia do país.


“O Brasil precisa distribuir renda, e isso só acontece por força da mobilização dos trabalhadores por remuneração digna”, é o que defende Carlos Cordeiro, presidente da Contraf e coordenador do Comando Nacional dos Bancários e vai de encontro a este novo momento.


Com informações de agencias


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